Família numerosa: o meu projecto de vida

Depois de ter partilhado este artigo no facebook e de ler os comentários, decidi deixar a minha opinião.

Obviamente que ter um filho é, acima de tudo, um acto de Amor. Com ele, vem ao de cima o melhor que há em nós: entrega, generosidade, paciência,... Por ele tudo faremos para que seja feliz e para que leve os melhores ensinamentos da vida.

Há imensos casais no nosso país, ao contrário do que se pensa, que optaram por multiplicar o seu amor por mais do que um ou dois filhos. Para muitos, um acto de loucura. Para outros, um acto de coragem. Enfim... Ao contrário do que pode parecer, não é um bicho de sete cabeças, desde que estejam reunidas determinadas condições que o permitam.

Muitos acham que as mães de muitos se vêem "obrigadas" a ficar em casa a tomar conta dos filhos, enquanto o marido trabalha fora. Mas não tem de ser assim. Eu, por exemplo, trabalho fora de casa, na área em que me licenciei, e por conta de outrem. Tenho a vantagem de me ser permitido praticar um horário de trabalho adaptado às minhas necessidades, com o qual posso fazer todo o acompanhamento necessário às crianças (levar à escola, ir buscar, ajudar nos tpc, acompanhar terapias do M., ...). Claro que esta disponibilidade é um grande factor a ter em conta.

Também se tem muito a ideia de que se um filho dá imenso trabalho, muitos darão muito mais. Claro que todos dão trabalho e exigem atenção, mas não nos podemos esquecer de toda uma organização que acaba por estar implícita ao facto de serem muitos, onde a colaboração na divisão de tarefas e a diversão entre todos, acaba por tornar mais fácil a vida dos pais. E, cá entre nós, os miúdos só têm a ganhar.

É verdade que todos queremos dar tudo aos nossos maiores amores. Mas esse tudo é relativo. Para alguns podem ser bens materiais, colégios caros, viagens,... Para outros serão irmãos, havendo assim um maior desprendimento da parte material. Claro está que será sempre necessária uma boa gestão orçamental. No nosso caso, os mais velhos estudam em escolas públicas, ao nível da saúde são acompanhados no SNS, as últimas gravidezes foram acompanhadas na maternidade, há roupas que passam de uns para outros, os brinquedos são todos partilhados, ... Com isto não quer dizer que, esporadicamente, não haja um ou outro excesso.

Não concordo de todo quando ouço dizer que o apoio da família é um factor fundamental para se ter filhos. Na minha teoria, o casal deve ter filhos de acordo com a sua capacidade para cuidar deles sozinho, sem estar dependente de terceiros. Com isto não quero dizer que não se tenha apoio familiar, ou de amigos, whatever. Será sem dúvida uma mais valia.

Outro factor em que muitos pensam é a casa. Mas será isso um problema? A partilha de quartos é uma excelente opção quando não se pode ou se tem interesse em mudar de casa, mas se quer aumentar a família. Aliás, é o que acontece por cá e eles adoram. 

Se a casa pode não ser um problema, o mesmo já não digo relativamente ao carro. É impossível passar do terceiro para o quarto filho sem trocar de carro. Bem como passar do quinto para sexto. Aí sim, é necessário um grande investimento que nem sempre está ao alcance de todos. 

No geral, tudo se arranja. Tudo se consegue. Com muito trabalho e  algum sacrifício é certo. Mas tudo é possível.

Há dias maus, em que já não se aguenta ouvir um choro, uma birra ou uma zanga, mas felizmente são uma minoria. Tudo o de bom que nos traz uma família numerosa supera em muito.

Foi a melhor decisão que tomámos na vida!

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