quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Como chegámos ao diagnóstico de autismo do Martim


Tive a confirmação da gravidez do Martim na manhã do dia 17 de janeiro de 2006 e aquela que esperava vir a ser mais uma gravidez calma, foi uma gravidez muito complicada, não fisicamente mas psicologicamente com muitas questões que provocaram constante agitação e nervos à flor da pele.
Foi no dia 18 de setembro desse mesmo ano que o meu príncipe decidiu nascer, às 40 semanas certinhas de gestação, com 3,280kg.
Logo nos primeiros meses começaram a surgir situações que deixavam que pensar, mas que com os diagnósticos médicos nos tranquilizavam:
- Com 3/4 meses o Martim tinha uma macrocefalia - o seu perímetro cefálico ultrapassava todas as linhas dos percentis para a idade, o que obrigou a fazer uma ecografia à cabeça para perceber se estaria tudo bem ou se havia líquido acumulado que teria de ser retirado, caso existisse. Estava tudo normal.
- Aos 6 meses, a situação permanecia, obrigando a outra ecografia e mais tarde a algumas ressonâncias magnéticas, que nunca detectaram nenhuma anomalia.
- Também nos primeiros meses, quando é suposto os bebés começarem a responder a estímulos visuais e auditivos, seguindo objectos com o olhar ou voltando a cabeça ao ouvir de um som, o Martim não o fazia. Não olhava. Não virava a cabeça. Nada! Ficava a olhar para o infinito sem qualquer reação. E assim continuou alguns meses. Na altura acreditava que não era apenas o seu timing. Hoje sei que já eram manifestações de autismo.
- Por recomendação da pediatra particular que o seguiu desde os primeiros dias, com quase 1 ano foi a uma  consulta de oftalmologia, na qual o médico não viu qualquer problema.
- Tinha começado a sentar-se sozinho há relativamente pouco tempo, tendo começado a andar aos 21 meses.
- Ainda sem dizer uma única palavra, já com 2A e também por recomendação da pediatra, consultamos um oftalmologista que logo lhe quis fazer o exame dos potenciais auditivos. Foi feito no dia seguinte e surgiu o primeiro embate: o Martim ouve muito mal de um ouvido, sendo esta má audição bem compensada pelo excelente estado do outro ouvido. Esta poderia ser uma das causas da fala tardia. Mais tarde concluiu-se que não.
- Com perto de 2 anos a pediatra sugeriu encaminhá-lo para as consultas de genética do Hospital Pediátrico e eu, por recomendação da educadora de infância na altura, e achando já que haveria ali algo mais, sugeri que também o encaminha-se para as consultas de desenvolvimento. Assim o fez!
- Primeira consulta de desenvolvimento no início de 2009: o Martim tem uma Perturbação do Espectro do Autismo. O susto! O desconhecido! O desabar do meu chão!
- Os testes de genética deram todos normais.

Liguei à pediatra a informá-la do diagnóstico, ainda assustada, ao que ela me respondeu “Eu já desconfiava!” e imaginem... Eu nunca mais lá pus os pés.
Desconfiava e NUNCA me preparou. NUNCA me sugeriu as consultas de desenvolvimento. NUNCA me disse nada. E eu ia lá todos os meses.
Enfim... 

(Abordarei outras questões noutro post.)

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2 comentários:

  1. Com menos problemas depois de nascerem, o diagnóstico de autismo das minhas gémeas também tardou apesar de serem acompanhadas na maternidade em consultas de desenvolvimento até aos 3 anos... Nunca perdoei nem esqueci. Senti que perdi tempo precioso. Hoje mal acredito no caminho que percorremos e onde estamos mas há fases tão complicadas que parecem obscurecer as boas etapas.
    Um dia de cada vez...

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    1. Tal e qual. Nunca me esquecerei daquele “já desconfiava” que nunca me preparou, nem encaminhou como acho que deveria. Há de facto fases MUITO dificeis... Mas vão-nos valendo as pequenas grandes vitórias.
      Um beijinho

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