sexta-feira, 22 de março de 2013

Parentalidade Positiva

Fala-se imenso, hoje em dia, da parentalidade positiva e da melhor forma de lidarmos com as nossas crianças. Este é um tema que eu considero super interessante, que me fascina e do qual gostaria de vos falar. 
Como sou licenciada em economia, e este é um tema de psicologia, decidi convidar a minha amiga Cláudia Dias, psicóloga, a escrever sobre este tema. Aqui fica:


A pedido da minha amiga Carla estou–vos hoje a falar de Parentalidade Positiva. O conceito de Parentalidade começou a ter a atenção da classe médica em meados do anos 60 com a pretensão de entender a influência que os pais têm no desenvolvimento de seus filhos, assim como ajudar pais com estratégias que promovessem um maior progresso intelectual, físico, emocional e social da criança. O desafio de exercer uma boa parentalidade é tão premente hoje como nos anos 60, a constante mutação e miscigenação de factores como cultura, valores sociais, crenças, educação escolar, assim como idade e temperamento da criança fazem com que o desafio se mantenha actual. Por outro lado, o maior entendimento da relação parental deu-nos um melhor entendimento teórico e prático na compreensão da efectividade dos métodos de Parentalidade, como é Parentalidade Positiva.
Muitos de nós associamos ainda parentalidade com disciplina. No entanto, disciplina não significa só impôr limites física ou psicologicamente, significa também ensinar, guiar, orientar, ensinar expectativas, princípios e limites, o certo do errado e como evitar situações de perigo para si e para os outros. O processo pode envolver recompensas ou castigos em ordem para ensinar auto–controle, aumentar o número de comportamentos desejados e diminuir os indesejados . Mas se revertermos para a origem da palavra disciplina, como o fez a Parentalidade Positiva, esta significa instruir uma pessoa a seguir um determinado código de conduta. Assim sendo, o fim último de qualquer progenitor é ajudar os seus descendentes a alcançar bons julgamentos de moral, para que a criança desenvolva e mantenha auto disciplina ao longo da sua vida. Esta nova premissa deu assim aso a que os progenitores vissem a parentalidade de um modo diferente, mas também contribuiu para que a criança seja vista pelos adultos de uma forma diferente. Em vez de um ser sem personalidade cuja função é absorver o que lhe é ensinado, reter e reproduzir o conhecimento adquirido; a criança é hoje vista como um ser em mutação, em construção, com potencial, com desejos e inclinações próprias que devem ser incentivadas e apoiadas pelos pais, fazendo assim do educar/criar uma constante dádiva de expressão a estas potencialidades inatas, como o desejo natural que cada criança tem de aprender, direccionando-as para uma finalidade produtiva.
A base do modelo de Parentalidade Positiva é a de auto regulação e auto promoção de todos os intervenientes de uma forma didáctica, ajudando os progenitores a encontrar modos mais eficazes de apoiar a criança dentro das suas capacidades como educadores, promovendo estratégias e objectivos que desejam ver trabalhados com a sua prole, mas também dando suporte psicológico para que comecem um processo de auto creditação em si próprios como educadores, dando as armas para que estes acreditem que são capazes de superar o problema parental e assumir crédito pela superação, não perante a sociedade mas intrinsecamente, promovendo assim a sua auto estima e auto valorização. Este processo de reaprendizagem têm por base o conceito de resolução de problemas, sendo os progenitores os principais dinamizadores do conceito, equipando-os para saber definir os problemas, formular opções, desenvolver um plano parental, executá-lo, avaliar os resultados e redefinir o plano de acordo com conflitos e progressos alcançados. A segunda parte do modelo é a de transmissão, transmissão dos progenitores aos seus descendentes. Estes são por sua vez encorajados a transmitir estas novas capacidades promovendo processos adequados de desenvolvimento à sua prole, através da iniciação ou respondendo a interacções promovidas pela criança, reforçando a resolução de problemas para, deste modo, conduzir a uma auto regulação emocional e independência por parte da criança.


Desta forma e em titulo de resumo os princípios da Parentalidade Positiva são :
1) Um ambiente seguro e estimulante
Todas as crianças, de todas as idades, precisam de se sentir seguras, protegidas e supervisionadas para que possam explorar, experimentar e brincar no ambiente que as rodeia de uma forma saudável. Movimento é essencial para o crescimento equilibrado de uma criança.
2) Um ambiente positivo de aprendizagem
Para pais e filhos, visa ensinar aos pais a responder construtivamente e positivamente a intervenções iniciadas pelas crianças, sejam elas de ajuda, atenção, informação ou encorajamento, através de um processo de aprendizagem localizada que permite à criança a resolução do problema .
3) Disciplina assertiva
Incentivar o uso de estratégias especificas para controle de mau comportamento. Estas estratégias incluem limites para certas situações, regras que são discutidas com as crianças através do uso de explicações e pedidos, de uma forma calma, clara e de acordo com a idade da criança. Com recorrência ao uso de causa-consequência, de conceitos como time-out, momentos de silêncio e ignorando de forma planeada .
4) Expectativas realistas
Este princípio envolve explorar com os pais as suas expectativas, crenças e opiniões do que causa o comportamento da criança, para que objectivos de acordo com o seu desenvolvimento emocional e cognitivo sejam estabelecidos. É essencial que estes objectivos sejam realistas e que ambas as partes sintam que os podem alcançar.
5) Auto ajuda Parental
A Parentalidade é afectada por vários factores que a longo prazo podem afectar a auto estima, as aspirações futuras de um progenitor em relação à criança. Deste modo, a parentalidade positiva visa implementar estratégias de uma forma didáctica que promovendo a auto-ajuda e auto-estima.


Bom esta é a parte teórica... E aposto que muitos de vós estarão a dizer para si mesmos “Sim, mas e como é que eu faço isso com a minha criança?” Não esperem mais! Aqui ficam alguns conselhos práticos do que todos poderemos fazer. Poderemos sim, porque eu assumo desde já que, como mãe, pratico este modelo com os meus filhos, tendo um deles necessidades especiais. 
Assim sem mais demora...
Fale e Ouça. Todas as crianças são únicas. Aprenda a conhecer a sua criança, o que a irrita ou deixa agitada. Pode ajudá-la a saber prevenir estas situações antes delas acontecerem. Comunicar com as vossas crianças é essencial.
Linguagem: use palavras positivas para dizer o que quer que a sua criança faça e não o que não quer que ela faça. Por exemplo, ”Brincas no teu quarto” em vez “Não quero que desarrumes a sala.”
Mude o Tom de voz. A sua voz é um instrumento poderoso e deve ser usada como modo de a criança parar de fazer o que é errado. Falar num tom inesperado pode ser o suficiente para que a criança pare o que está a fazer .
Ouça. A criança está a aprender a falar e a expressar-se, ouça o que ela tem para dizer e encorage-a a expressar-se, sente-se ao seu lado em vez de em frente a ela , visto que esta posição é uma forma mais convidativa de interagir. Um vulto maior para ela pode ser intimidante.
Sentimentos: ajude a sua criança a encontrar as palavras para exprimir o que está a sentir. Mesmo que este trabalho seja algo em progresso é importante alargar o seu vocabulário e encontrar o à vontade de fazer a “confissão”.
Explicar: Explique as situações e ofereça alternativas. Se a criança está a brincar com determinado boneco indevido diga não e ofereça-se para ir procurar outro que ela goste. Envolva a sua criança. Sempre que seja possível, explique e fale com ela acerca do que é esperado dela , faça a explicação de uma forma curta e concisa.
Discussão: À medida que a sua criança vá crescendo discuta as regras com ela e escute as suas opiniões. Diga sempre que a ama, mostre afecto através de sorrisos e abraços. Diga-lhe quando está contente com o seu comportamento e quando não está. Ela deve perceber que o que você não gosta é do comportamento e não dela.
Brincar: Brincar é importante. As crianças aprendem muito brincando. Uma criança pode brincar sozinha, com outros ou consigo. Mesmo quando está ocupada, guarde sempre tempo para brincar com os seus filhos, mostre interesse pelo que eles estão a fazer, demonstre que o que eles estão a fazer é importante.
Compreender as mudanças: Uma criança precisa entender as mudanças à sua volta à medida que vai crescendo. Para isso é essencial que ela tenha oportunidade para explorar o mundo á sua volta. Pense na sua casa como esse mundo, tendo em atenção que este precisa ser seguro mas convidativo.
Independência: Parte de crescer é tornar-se independente, testar limites, construindo a sua personalidade. Você pode ajudar nesta conquista deixando a sua criança fazer o mais que ela poder, desde que de uma forma segura .
Motivação: Aprenda a ser o seu Guia, dando exemplos positivos. Recompense o bom comportamento com elogios e atenção e ignore o mau comportamento. Se só mostrar atenção ao mau comportamento eles comportar-se-ão mal para ter a sua atenção .
Limites são para demarcar: Seja consistente, o que é errado é errado sempre, e quando é não é não. Ambos os pais têm de acordar nas regras e agir de acordo com estas. Quando as crianças perceberem os limites estes tornam-se mais fáceis para ambas as partes. Quando faz promessas cumpra-as, nunca prometa algo senão tem a certeza de que pode cumprir. As regras devem ser simples e claras e em número reduzido, de acordo com a rotina que se quer implementar.
Recompense e elogie bom comportamento: É fácil ignorar uma criança quando esta se porta bem e dar atenção quando esta faz asneiras. As crianças estão ao longo da sua vida intrinsecamente motivadas para requerer a atenção dos pais. Se para isso tiverem que se portar mal, então elas portar-se-ão mal, mesmo que a atenção dada seja em forma de castigo. Tenha sempre presente que alguma atenção é melhor que nenhuma. Assim, reforce o bom comportamento com elogios e complementos, estes são melhores que qualquer recompensa material, para além de reforçarem a auto estima e confiança das crianças. Tente não stressar com pequenos incidentes. Assim que elas perceberem que esse comportamento não tem reacção irão parar de o fazer.
Cuide de si : Todos os pais precisam de estar bem física e psicologicamente. Para ajudar as suas crianças, devem reservar tempo para si próprios e fazer algo que lhes dê gosto. Saiba quais são os seus limites e delegue, fale sobre os seus problemas com outros e aceite as ofertas de ajuda se as tiver.

Aprecie os momentos e seja realista. Todas as crianças gritam, sujam e são desobedientes. No entanto, dê espaço para cometerem os seus próprios erros, para pensar por si próprias e assumir a consequências dos seus actos. Mas acima de tudo, não se esqueça a sua criança é única, por isso não estabeleça comparações com amigos ou familiares.
Os votos de uma boa Parentalidade Positiva!!!!



Obrigado Cláudia Dias!





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1 comentário:

  1. Nossa,ricas dicas, meu bebêr tem apenas 4 mês,e tenho medo de erra na sua educação,pois criar filhos no mundo de hoje nao e facil...Adorei o que sua amiga Cláudia Dias escreveu aqui,irei ler e reler mais vezes !

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